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Capítulo 68 de 150

1Ao mestre de canto. Segundo a melodia: “Os lírios”.*

2Salvai-me, ó Deus, porque as águas me vão submergir.

3Estou imerso num abismo de lodo, no qual não há onde firmar o pé. Vim a dar em águas profundas, encobrem-me as ondas.

4Já cansado de tanto gritar, enrouqueceu-me a garganta. Enfraqueceram-se meus olhos, enquanto espero meu Deus.

5Mais numerosos que os cabelos de minha cabeça são os que me detestam sem razão. São mais fortes que meus ossos os meus injustos inimigos.* Porventura posso restituir o que não roubei?

6Vós conheceis, ó Deus, a minha insipiência, e minhas faltas não vos são ocultas.

7Os que esperam em vós, ó Senhor, Senhor dos exércitos, por minha causa não sejam confundidos. Que os que vos procuram, ó Deus de Israel, não tenham de que se envergonhar por minha causa,*

8pois foi por vós que eu sofri afrontas, cobrindo-se meu o rosto de confusão.

9Tornei-me um estranho para meus irmãos, um desconhecido para os filhos de minha mãe.

10É que o zelo de vossa casa me consumiu, e os insultos dos que vos ultrajam caíram sobre mim.*

11Por mortificar minha alma com jejuns, só recebi ultrajes.

12Por trocar minhas roupas por um saco, tornei-me zombaria deles.

13Falam de mim os que se assentam às portas da cidade, escarnecem-me os que bebem vinho.*

14Minha oração, porém, sobe até vós, Senhor, na hora de vossa misericórdia, ó Deus. Na vossa imensa bondade, escutai-me, segundo a fidelidade de vosso socorro.

15Tirai-me do lodo, para que não me afunde. Livrai-me dos que me detestam, salvai-me das águas profundas.

16Não me deixeis submergir nas muitas águas, nem me devore o abismo. Nem se feche sobre mim a boca do poço.

17Ouvi-me, Senhor, pois que vossa bondade é compassiva; em nome de vossa misericórdia, voltai-vos para mim.

18Não escondais ao vosso servo a vista de vossa face; atendei-me depressa, pois estou muito atormentado.

19Aproximai-vos de minha alma, livrai-me de meus inimigos.

20Bem vedes minha vergonha, confusão e ignomínia. Ante vossos olhos estão os que me perseguem:

21seus ultrajes abateram meu coração e desfaleci. Esperei em vão quem tivesse compaixão de mim, quem me consolasse, e não encontrei.

22Puseram fel no meu alimento, na minha sede deram-me vinagre para beber.*

23Torne-se a sua mesa um laço para eles, e uma armadilha para os seus amigos.

24Que seus olhos se escureçam para não mais ver, que seus passos sejam sempre vacilantes.*

25Despejai sobre eles a vossa cólera, e os atinja o fogo de vossa ira.

26Seja devastada a sua morada, não haja quem habite em suas tendas,*

27porque perseguiram aquele a quem atingistes, e aumentaram a dor daquele a quem feristes.

28Deixai-os acumular falta sobre falta, e jamais sejam por vós reconhecidos como justos.

29Sejam riscados do livro dos vivos, e não se inscrevam os seus nomes entre os justos.

30Eu, porém, miserável e sofredor, seja protegido, ó Deus, pelo vosso auxílio.

31Cantarei um cântico de louvor ao nome do Senhor, e o glorificarei com um hino de gratidão.

32E isso a Deus será mais agradável que um touro, do que um novilho com chifres e unhas.

33Ó vós, humildes, olhai e alegrai-vos; vós que buscais a Deus, reanime-se o vosso coração,

34porque o Senhor ouve os necessitados, e seu povo cativo não despreza.

35Louvem-no os céus e a terra, os mares e tudo o que neles se move.

36Sim, Deus salvará Sião e reconstruirá as cidades de Judá. Para aí hão de voltar e a possuirão.

37A linhagem de seus servos a receberá em herança, e os que amam o seu nome aí fixarão sua morada.